002 DANOS NO ENXOVAL - PROSA COM OS MESTRES ROBERTO FARIAS E MARCELO BOEGER

Mais uma prosa...

RF: Danos no enxoval... quais os riscos na lavanderia?

Boeger: Vários...a começar tendo que explicar ao contratante que a mancha ou o dano não ocorreu necessariamente na lavanderia. Mas possivelmente dentro da própria operação do Hospital ou do Hotel...

Uma boa gestão nesta direção tem a capacidade de aumentar a vida útil das peças.

RF: É verdade.

Os mais comentados como vilões são os produtos químicos. Talvez por serem os mais comuns na linguagem popular. Todo mundo lava roupa.

Boeger: É verdade. Muitas vezes podemos estar fazendo uma injustiça ao culpar os químicos sem analisar um pouco mais o tipo de dano que estamos falando. Prof. Roberto, poderia contar mais sobre a classificação destes danos?

RF: Podemos dividir em três tipos: físicos, químicos e biológicos.

Os físicos são potencialmente produzidos por equipamentos (lavadora, centrífuga, secador e calandras). Os químicos na lavagem e os biológicos nos estoques. 

Boeger: Sim. Desta forma, podemos facilmente "rastrear" sua origem e atuar na redução de danos.

É um "crime hoteleiro" danificar peças novas, por exemplo, e achar que nada poderia ser feito para evitar...

RF: Exato. A redução dos danos é proporcional ao zelo da roupa no hospital/hotel. Alguns cuidados no uso e no manuseio devem ser prioridade para minimizar os danos do enxoval. A coleta da roupa pode fazer a diferença no tempo de vida útil.

Boeger: Muito. Às vezes pode chegar a 40% a mais ou depreciar de forma acelerada.

Não devemos esquecer que são ativos. É como dinheiro, que ao invés de estar no Banco investido - está à favor da geração de receitas por meio de sua utilização...

RF: Sim. Veja bem... coletar roupa sem sujidades e juntar com roupas com sujidades pode provocar processos de lavagem mais longos, mais agressivos do que o necessário. Coletas seletivas podem aumentar a vida útil de um enxoval. 

Um enxoval sujo pode sujar o limpo. Um limpo nunca vai limpar o sujo. Daí a importância de segregação do enxoval sujo do limpo na coleta da roupa no leitos. A lavanderia agradece (reduz custos) e aumenta o tempo de vida útil do enxoval por utilizar menores tempos de lavagem.

Boeger: Sim. Temos que ter o discernimento como gestores de conhecer um dano causado no hospital e pela lavanderia. E depois de algum tempo, conhecendo à fundo nosso enxoval, podemos saber exatamente de onde vem o dano, seja um rasgo ou mesmo uma mancha.

Penso que temos que ter em mente que assim como a evasão, as roupas são manchadas (e evadidas) na sua maioria na Rota Limpa. E não na Rota Suja...

As manchas causadas por Argirol, Metileno, Clorexedine, entre outros são da natureza da operação Hospitalar. Devemos conscientizar as equipes que irão ocorrer e como podemos reduzir o quantitativo com pequenas medidas na própria operação.

Já aqueles provenientes da Lavanderia, seja por falhas em uma entrega pelo mal acabamento ou rasgos, tem quase sempre os mesmos traços e medidas.

Concordo que as coletas seletivas podem ajudar muito...no final do dia, sem um cuidado maior, podemos estar enviando uma grande quantidade de roupas limpas e submete-las a um tipo de lavagem mais pesada no cardápio da máquina, sem necessidade. Simplesmente pela falta de um processo mais cuidadoso.

Por outro lado, se a Lavanderia não tiver critérios, o relave será seu maior cliente e seu pior pagador...

RF: Ou seja, a gestão do enxoval é uma proposta sistêmica e situacional não deve ser decidida de forma pontual e simplória.