006 - EVASÃO DO ENXOVAL - PROSA COM OS MESTRES ROBERTO FARIAS E MARCELO BOEGER

EVASÃO

Mais uma boa prosa com os Professores Marcelo Boeger e Roberto Farias.

Roberto Farias: Oi, Boeger, vamos falar sobre evasão e taxa de evasão? Acho esse tema de grande importância pois tenho uma opinião de que alguns métodos não são adequados para medir este número.

O que você me diz?

Boeger: Sim, este e um tema que assombra os gestores das áreas e tem muitas causas. Desde o roubo, a subtração de um ativo pelo cliente, colaborador ou prestador de serviço até evasão causada pela transferência e remoção, podendo ser evadida em uma troca pela lavanderia, na entrega para um hospital errado ou ainda em uma situação de óbito, quando não se utilizada a famosa “mortalha” e os lençóis que estão com o paciente que faleceu, envolvendo seu corpo, (lençóis de cima e de baixo) acabam indo para o necrotério e retirados pelo serviço funerário para fora do hospital.  

Roberto Farias: Quanto a definição, eu defino evasão como um lugar virtual onde as peças não encontradas no inventário ficam até serem encontradas no próximo inventário. 

É lógico que é um conceito para que se possa avaliar se os nossos métodos de inventário estão corretos ou pelo menos existe um método. Qual a sua avaliação?

Boeger: A evasão faz parte de um conceito maior. Em auditoria, chamamos de “Ambiente de Controle”. Um ambiente de controle fraco, gera nos transgressores, a oportunidade em desviar ou subtrair. Ambientes de Controles fortes são feitos por métodos administrativos preventivos. Neste caso, tanto os usuários como os colaboradores percebem que existe uma forma de prevenir desvios, fraudes e sabotagens e mudam um comportamento transgressor. No caso de um ambiente de controle fraco, um sistema falho pode promover a oportunidade de desvio e evasão.       

O inventário é apenas uma constatação. Um indicador que te traz uma informação depois que já existe uma situação. Sua série histórica ao ser analisada pode ser útil para indicar se os sistemas de controle implantados estão gerando maior eficiência.

Roberto Farias:  Será que não estamos dando muita ênfase para a taxa de evasão e deixando de lado coisas mais críticas e financeiras tais como a vida útil e o ROI? Eu avalio que mais importante do que a própria taxa de evasão é saber “quem paga a conta” pela não depreciação plena da vida útil do enxoval?

Boeger: Em alguns casos, o descontrole pode ser tão grande que uma medida mais drástica tem que ser tomada para apoiar na redução. Mas, uma vez controlada, sem dúvida, devemos olhar para sua vida útil, qualidade do tecido diante da depreciação e dos ciclos de lavagem, ocorrência de manchas que geram baixas técnicas entre tantas outras preocupações que geram a necessidade desta reposição nos estoques.  

Roberto: Quanto ao cálculo da taxa de evasão tenho visto métodos que somam a entrada por aquisição do novas peças e a leitura da evasão por média mensal quando na realidade a informação correta seria de taxa acumulada da evasão. Não há uma média, pois, nenhuma peça do enxoval vai sumir 2 vezes.

Boeger: Incluir as compras do período, na conta da evasão, serve somente para poder ajustar o estoque inicial. Caso contrário, o acréscimo de novas peças poderá distorcer o saldo final. Em muitos casos o inventário é trimestral, mas a reposição das peças ocorre de forma assíncrona, durante este lapso de tempo.   

Roberto Farias: A sua informação de média ponderada é de extrema importância para avaliar a evasão. Fale sobre isso.

Boeger: Sim. Já vi em muitas Instituições uma planilha onde cada linha é um tipo de peça e a última coluna a evasão nominal daquela peça. O problema é quando ao final da última coluna, se calcula a média de todos os percentuais – sendo que este valor será irreal. Cada percentual refere-se a um dado distinto e não deve ser calculado desta forma. Ou seja, uma peça com uma variação menor em números absolutos, em percentual, pode ser muito maior do que um item de variação pequena, mas significativa em relação a quantidades unitárias. 

O resultado não tratar a realidade pode levar a decisão equivocadas...

Roberto Farias: Exato. Quando o cálculo da taxa não retrata a realidade, os resultados podem impactar no planejamento de reposição e interferir nos custos. Desta forma as decisões sobre os próximos investimentos não serão fidedignas. O que você me diz?

Boeger: Eu gosto de ter todo ativo sob controle. Mas uma coisa importante a ser feita está em verificar se o custo do controle não será maior que seu benefício. Qual o volume do ativo que estamos controlando e quanto implica sua evasão atualmente. Isso vale para o supply chain, para um supermercado, para os artigos de room service e é claro, também para o enxoval.

Por este motivo, ao implementar o RFID, temos que fazer uso de tudo que ele nos traz de informação. Informações uteis para a lavanderia e informações uteis para a movimentação da roupa dentro do edifício. Implantar o RFID poderá te dar condições de fazer a correta gestão do enxoval e não somente focado em um controle da evasão. O controle da evasão deve ser uma consequência da correta gestão do enxoval. Esta prosa não tem fim...kkkkk

Roberto Farias: Essas prosas estão sendo muito úteis. Eu tenho aprendido bastante. Não pensei que prosear sobre roupa seria tão bom, kkkkkkkkkkk